US$5 por assinante por conta da pirataria, será?
Jim Griffin, um consultor/estrategista da área de direitos digitais, palestrou (ou quase tomou ovada) durante o SXSW, um festival tradicional em Austin, Texas. A idéia, que deve virar lei rápido, é "pedir" para que os provedores de Internet repassem ao menos cinco dólares/assinante para a indústria, além de entregar mensalmente relatórios com URLs, quantidade de megas baixados (isso já acontece com quem usa 3G e Edge no celular por aqui) e checagem de visitas frequentes à sites que disponibilizam conteúdo ilegal.
Quanto disso voltará para o bolso dos artistas? Nada, mas acho interessante a movimentação. Agora que eles falharam botando a culpa em quem baixa, vão tirar dinheiro de quem tem, faz sentido até. Quando algo assim acontecerá por aqui? Difícil dizer, mas como a maioria esmagadora de lançamentos nacionais é "bancado" por multinacionais, algum reflexo se dará a partir disso.
Esses dias nosso gerente/blogger/cabeçudo de plantão, Alberto, escreveu algo na minha comunidade e algumas horas depois tínhamos 43 usuários a menos. Achei engraçado. Concordo com Alberto num ponto: A revolução na música tem mais a ver com o usuário do que com o artista. De repente, quando os usuários estiverem pagando por discos que eles nem baixaram, aí o jogo muda de novo.
Eu ainda não vejo o modelo de venda digital prosperando no Brasil, e me lembro que uma das idéias do projeto Tramavirtual era ter um provedor como parceiro... Eles gostam do dinheiro que ganham e não querem repartir bolo nenhum, acredite.
Tenho amigos que baixam apenas discos gringos, outros que baixam tudo e adquirem o que gostam depois. Tenho uma amiga que só compra vinil... parte da minha coleção de vinis foi absorvida pela coleção de um irmão mais velho (huh?), parte sumiu nas mudanças, os discos do Hiero eu dei pro Pig de Araraquara... São mais de 1000 CDs, mais de 500 fitas, eu devo fazer um videocast contando algo sobre os Cassingles dos anos 90... Feeling productive, son?
Como você trata uma questão delicada? Do mesmo jeito que você costumava mostrar seu boletim no fim do bimestre?
a) Rindo pra não chorar
b) Escondendo todos os brinquedos antes
c) Mentindo: A professora errou, eu vendi mais de 1000 cópias na primeira semana!
d) N.D.A.
Fonte: Frank Rose/Revista Wired
6 comments:
A idéia, que deve virar lei rápido
Nos usa duvido. Time Warner faz muito mais dinheiro com a Comcast (provedora de internet) que com a Warner Music Group. Como todos bons Americanos eles não vão arriscar intervenção governamental se no final o dinheiro acaba no mesmo lugar.
A revolução na música tem mais a ver com o usuário do que com o artista.
Concordo até um ponto. A revolução na verdade acabou. A gravação transformou a musica numa comodidade. A internet está acabando com isso. Musica volta ser uma experiência. O usuário está deixando de ser usuário e logo vira participante (podcasts, remixes, mashups etc).
Eu ainda não vejo o modelo de venda digital prosperando no Brasil... Eles gostam do dinheiro que ganham e não querem repartir bolo nenhum, acredite.
Acredito, mas não acredite que isso ja foi diferente.
Gostei do blog, keep it real... but not too real.
A Comcast não deve fazer mais dinheiro do que o braço de publishing da Warner, Warner Chappell, ou até mesmo a Warner - Tamerlane (que controla o publishing de canções do Jackson 5, por exemplo). A Comcast teve de investir na infra-estrutura da rede, fazer um deal com alguma compania telefônica, tem o business de cable (que não vai tão bem)... já com o negócio de publishing ela ganha com fonogramas que já se pagaram faz bastante tempo. O faturamento pode ser menor, mas o lucro. Ah, o lucro!!!!
É necessário lembrarmos de um fato: Mesmo com toda a crise das mídias, da venda e do "negócio" da música em geral, as associações responsáveis pela arrecadação de direitos autorais (aqui e no mundo) nunca faturaram tanto. Esse é o ápice (ou declínio?) de um modelo de negócio, por isso os novos contratos artísticos tentam mudar as figuras que envolvem o pagamento dos direitos conexos e autorais. As vendas não estão boas, mas nunca se pagou tanto pelo uso de fonogramas em diferentes mídias.
Nem vou falar das dívidas de alguns canais de TV com o ECAD, por exemplo, ou da real razão para eu não conseguir tirar minha carteirinha de músico como rapper... To be really real with y'all. Buckle your seat-belt Dorothy, 'cause Kansas is going bye-bye!
A Comcast diz que seu faturamento cresceu 21% ano passado. A figura estimada é de quase 1bi. Só no mercado digital a Warner Music faturou 132mi, e isso significa 14% do revenue do negócio de música da Warner... You said Keepin it real", yet I should try keepin' it right. That's understanding microphone mathematics, which leaves the currency in temporary world status...
Exagerei em dizer que a Comcast faz mais dinheiro mas não importa. Eles não vão arriscar regulamento do mercado (taxa de 5% sobre os ISPs com força de lei) se o dinheiro acaba no mesmo lugar. Também não é so ISP contra venda de musica. Os braços de eletrônicos também tão na jogada. A final a mídia física ou não vai tocar em que?
Eles podem até gostar da idéia de criar uma taxa mas será feita pro benefício da própria corporação em seus termos, sem governo. Nunca subestime a aversão que gringo tem do governo.
Até hoje não conseguiram (os usa) impor uma taxa sobre venda de mídia virgem. Tem, mas só vale sobre mídia com marketing pra copiar CD de musica e não vale explicitamente para componentes de computador:
Thanks to a precedent established in a 1998 lawsuit involving the Rio PMP300 player, MP3 players are deemed "computer peripherals" and are not subject to a royalty of this type in the U.S. http://en.wikipedia.org/wiki/Private_copying_levy#United_States
as associações responsáveis pela arrecadação de direitos autorais (aqui e no mundo) nunca faturaram tanto
Hehehehehehehe. O mais engraçado disso é que estas associações viraram fortíssimas quando os piratas do século passado (os mesmos que hoje choram por causa da baixaria) roubaram as músicas do publishing industry para tocar na Radio.
http://en.wikipedia.org/wiki/ASCAP#History
Acho interessantíssimos essa época que vivemos na historia da musica. Poucas certezas tenho do que vai dar mas uma coisa é certo, the fetishization of music recordings is over.
Gostei desse remixes no seu blog. Tem lista das faixas?
Acho que você se refere ao arquivo "Remixes & Afins", uma mixtape digital feita a partir de diversos remixes que fiz para a Trama (www.trama.com.br) enquanto estive em seu time de produção... Deve haver alguma lista no site da Trama, mas eu não estou certo disso.
Quanto ao texto na Wired, minha maior preocupação é que percebamos a mudança real na história da música. Eu, por exemplo, não mexeria numa canção do Stevie Wonder, não mudaria o arranjo original, mesmo que a nova ordem me possibilitasse. No caso do Tim Maia Racional, meu "remix" está mais para uma música que utiliza parte do arranjo original do que para um remix mesmo... na verdade esse limite entre arte e passatempo digital sempre causa furor. Os "buracos", loopholes, ou o que queira chamar, nas leis norte-americanas acabam passando despercebidos ao passo que as leis do âmbito digital, por lá criadas, são incorporadas às leis de outros países.
Como produtor, artista e amante da música, sinto a necessidade de me preocupar com a manutenção da arte. Não há como controlar a forma pela qual a música é produzida, ouvida, consumida e/ou digerida, mas o próximo passo, creio eu, é criar um caminho para que a relação entre artistas, público e meios de comunicação não seja ainda mais assimétrica.
Vou ficar devendo a lista, mas aprecio os comentários, Paulo.
Até,
Parteum
E o que é que cê acha disso:
Apple said to weigh unlimited music deal
Provavelmente é assunto para um outro post.
Gostei muito da 3a (2a se cê conta a primeira como introdução) que começa em -28:31. Me lembra muito de minimalismo americano (steve reich, terry riley...) que curtia bastante quando tinha 20 anos.
valeu!
Vi essa matéria no engadget esses dias... Já era de se esperar. Valeu pelo interesse nos sons, Paulo.
Até,
Parteum
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